Considerado
de uma geração de pessoas que lutaram para chegar aonde chegaram, senhor
Francisco Aldair do Amaral, 61 anos, nunca foi daqueles de se deixar abalar
pelos soluços da vida. Homem simples, de poucas palavras, pele marcada pelos
anos que já se passaram, é pai de sete filhos e, avô de quatro lindas meninas.
Nosso
personagem casou cedo e, com a família da esposa aprendeu a arte que se
transformou no sustento de toda a família. Começou, então, a fabricar peças de
couro: sandálias de diversos tamanhos e modelos, pondo à prova além de sua
criatividade à desenvoltura antes desconhecida pelo homem do interior.
De feira em
feira, “seu” Aldair vai conquistando os fregueses e com seu jeito tímido, mas
confiante, vai facilmente fazendo a cabeça dos que cercam sua banca. Certo dia
voltando de uma dessas idas a uma feira que acontece em Juazeiro do Norte,
passando por Cascavel, se depara com um acontecimento que mudou para sempre sua
vida e planos.
Segundo informes, por volta das 12
horas e 50 minutos do dia 26/03/94, ocorre um acidente de tráfego, consistindo
na colisão envolvendo um ônibus da empresa São Benedito e, um caminhão furgão.
O ônibus teve danos na lateral posterior e, era justamente o veículo que trazia
da feira o senhor Francisco Aldair, que como conseqüência teve um de seus
braços amputados. Somente após, cerca de, cinco horas é que conseguiram chegar
ao hospital Instituto José Frota, já em Fortaleza.
A SUPERAÇÃO
Quando o acidente aconteceu, ele
conta que, talvez fosse o mais calmo de todos ao seu redor. Depois de vários
dias de internação e duas cirurgias, a adaptação veio e felizmente com o apoio
dos familiares e amigos tudo se tornou menos difícil.
Você deve
estar se perguntando, “então, ele parou de fazer as peças, já que agora só
tinha um braço?”. Pelo contrário, mesmo diante das muitas dificuldades que teve
que enfrentar, nosso personagem guerreiro conseguiu se adaptar e hoje faz artesanato
“melhor do que ninguém”.
Para dar
conta de todos os pedidos e encomendas, Aldair conta com a ajuda dos filhos e
um sobrinho que também resolveu fazer das mãos, instrumento para a arte. A
profissão tornou-se sinônimo de hereditariedade. O ateliê fica no quintal da
casa. O espaço não é tão grande.
FERRAMENTAS
Pra lá e pra
cá, é o movimento que faz o braço do senhor Aldair, alternando entre as
máquinas, o corte do couro, a costura da sola e, o acabamento em detalhes da
confecção de um dos modelos de sandálias mais conhecidos do Brasil, para não
dizer do mundo todo.
O modo como
utiliza as ferramentas, a habilidade de movimentar as peças e a força de
vontade que não o deixa desistir, são algumas das lições de vida que o senhor
Aldair consegue nos transmitir.
A matéria
prima é básica. Consegue como ninguém transformar pedaços de couro, sola e
borracha em verdadeiras obras de arte que são desejadas por pessoas de todos os
cantos. Grande parte dos turistas que visitam as feiras e os centros artesanais
da cidade leva para casa, pelo menos, uma dessas peças de couro.
A ARTE DIVULGADA
Veja AQUI algumas das peças produzidas pelo senhor Aldair